Com certo atraso, esse servidor público federal envia um relatório para prestar contas sobre essa misteriosa e boa preguiça. Pois muitos se perguntam: "como pode um aposentado aguentar sem fazer nada?"
Nosso professor aposentado e blogueiro renitente também se pergunta e se responde: "nada" não é bem essa coisa toda do dito "inativo"-- que xingamento burocrático!
Versão provisória, sem comentários, nem análise. Só as tabelas.
Versão parcial, que apresenta tão somente as leituras realizadas desde 2012 - o que não é pouco.
I - Livros lidos e curtidos, no último ano de docência do Prof. Dr. Borges:
Not only books |
2012
-
Contos instantâneos (Dr. Jorge Seventh Art)
-
Estrela distante (Bolaño, chileno)
-
Zazie no metrô (Raymond Queneau)
- A visão de Deus (Nicolau de ´Cusa)
-
Thomas Müntzer,
teólogo da revolução (Ernst Bloch)
-
Como escrever (excertos
dos Parerga e paralipomena) Schopenhauer
-
Quem matou Palomino
Molero? (Vargas Llosa)
-
Relato de um
certo oriente (Milton Hatoum)
- A morte de
Artemio Cruz, de Carlos Fuentes (lentamente, em español, genial – tipo que
arrasou com o gênero romance pesado e criador)
- Por parte de
pai (Bartolomeu C. Queirós, lido no Caraça e em fotos)
-
Causos de Minas,
de Olavo Romano
II - Livros realmente lidos no período do
dolce far niente, que pode se prolongar hasta perder de la vista:
2015
2013
Outras ferramentas |
-Tom
Jones, vol. 1(chato, prolixo, afetado: larguei mão)
-
Vale tudo, biografia do Tim Maia, by Nelson Mota
-Mulheres
na guerra do Paraguai, de Hilda Agnes Hubner Flores
-Diálogos
com Jorge L. Borges (filosofia)
2014
Seixos rolados |
Viagem
à Palestina (Bei Dao, Breyten Breytenbach e outros)
Meu
Manifesto pela Terra (Mikhail Gorbatchev)
Circo
dos cavaloes, Lourenço Diaféria, cronicas
Os
ratos, de Dyonelio Machado (1935, Poa)
Trechos
de: Pascal, Duns Scotto, Guilherme de Ockham
Poemas
de Gabriela Mistral
O
gracejo da graça, Kierkegaard, Edna Hong
Versôes 2, poemas do TAL
A man of reason, (Thomas
Paine)
A
morte de Ivan Illitch, Tolstoi
Outros byproducts (ganz Frisch) |
Confissões,
Agostinho africano, filho de Mônica
A
correspondência de Rimbaud (incl. Para Verlaine)
Dentro
da noite veloz, Poemas de um Ferreira Gullar comunista, antes de 75 – (li
mil vezes o poema “pôster”, de 1970)
Vermelho
amargo, (Bartolomeu Campos de Queirós)
Hamsun no Brasil (Karl Erik
Schollhammer, org)
La
primera volta ao mundo (Elcano, Pigafetta e outros)
Um
certo Lucas ( Cortázar)
Pessoas
que passam pelos sonhos (Cadão Volpato – Tortoni, Bs Aires)
Consolação a minha mãe Hélvia ( de Sêneca)
A
vida é sonho (Calderón de la Barca)
Histórias
abensonhadas (Mia Couto)
Varanda
do Frangipani (Mia Couto)
Elegias
de Duino (Rainer Maria Rilke)
Historias
del Buen Dios (Rainer Maria Rilke)
Pobreza
e politica: os pobres urbanos do Brasil, 1870-1920 (June E. Hahner)
Olhos
de cão azul (Gabo Marquez)
O Misterio
na Estrada de Cintra (Eça e Ortigão)
Luz
quartiada (de uma gringa da Chapada dos Veadeiros)
2016 (ongoing)
Lo siento, pero... fue casi un fairplay |
Mariategui
y su tempo (Armando Bazan)
Violência
e trabalho no Brasil (MNDH, UFG)
Não
somos feitos de arame rígido, de E. Tugendhat
O
ministério do silêncio (hist. Do Sni), de C. Figueireo
Historia
universal da infâmia (JL Borges, trad de José Bento)
The pearl (John Steinbeck)
Cinco
lições sobre psicanálise (Freud)
O
futuro de uma ilusão (Freud)
O
malestar da civilização (Freud)
A
poética do espaço (Bachelard)
Die
wunderbare Jahren (Reiner Kunze) * lido e traduzido a lápis, in loco
Pensamentos
(Pascal)
+++++++++++++++++++++++
"O que você está lendo?"
Durante muitos anos, sobretudo quando o professor lecionava métodos e técnicas de pesquisa, ele torcia para atender um telefonema do IBOPE, com a pergunta: "Que rádio você está ouvindo agora?" E de fato um dia aconteceu. Foi meio sem graça, pois não lhe foi possível espichar conversa. Todavia, confirmou sua confiança na abordagem das surveys (encuestas).
Pois bem, encerrando este adendo, por minha conta, pode-se acrescentar que esse leitor ultimamente onívoro também gostaria que a Folha de São Paulo no tempo do suplemento Folhetim lhe fizesse aquela pergunta sonhada por intelectuais uspeanos et caterva: "que livro você está lendo?"
Na falta da pergunta vinda de um jornalista de culturetes, esse docente folga em dizer que... Sim como é mesmo? Sim, ele está lendo agorinha mesmo o quente lançamento da editora Boitempo "Por que gritamos golpe?"
(A compra do livro teve um gostinho de revanche silenciosa. Em visita à capital paulista, o autor do presente relatório entrou na livraria Cultura, depois de ler no chão molhado do vão do MASP diversos "Fora Temer", e viu mil coisa compráveis e legíveis. Outras nem tanto. A banca até que estava equilibrada: para cada três livros com a cara do "Sergio Moura", três ou quatro coletâneas das esquerdas. Essa da Boitempo é uma das boas fontes para entendermos o golpe de 16. )
Com saudações de "um aposentado que não tem mais o que fazer" - salvo pela definição.
Espumas flutuantes do largo mar oceano (travessia) |