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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UM ALUNO MUITO DOIDO

Este blog não está caindo pelas tabelas e nem fazendo água. Todo mundo sumiu dos blogs e dos emails, mas não vamos procurar os fujões da internet, assim como nunca fomos no bar caçar os que cabulam aula. Vem quem quer. E foi quem kiss...

Mas... já não interessa mais puxar orelhas quanto ao equívoco: formatura não é formação. Não queremos nos passar por chatos. E os baladeiros de hoje vão dizer que os tempos mudaram. De fato. Os novos boêmios é que se cuidem pra não morrerem torrados em boate ou com um rojão no grão do olho. Copa sem foguete, por favor, senhores da Gavião... E escolham entre dirigir & beber & sobreviver. (Embora o trabalho continue a matar mais que a diversão... É vero...)

Um tema que pode voltar aqui: "quando é bom ensinar". Há mais casos memoráveis.

Uma seção nova, cheia de itens: os micos inevitáveis. Ou seja, o professor não evita os constrangimentos da conversa em geral. E temos casos diversos de "bom dia a cavalo", podem crer. Aguardem.

Já que muitos professores erados e quadrados gostam de falar de seus próprios mestres inesquecíveis, vamos evitar o corporativismo saudosista e inverter a conversa: quero, de repente, citar aqui alguns alunos e algumas alunas que a memória não abandona. Figuras.

Vai aqui um exemplo.


Era um curso de alemão instrumental, na UFU, por volta do ano 2000. Alunos de diversos cursos vinham aprender comigo um alemãozinho básico. Muitos - dentre os poucos que iam resistindo - queriam ir para a Alemanha, fazer pós. E essa língua alemã é mesmo difícil e chata. Pior, me disse uma professora em Göttingen: os alemães não vão mesmo nos agradar - não vão mudar a lingua deles para se aproximar da nossa, que é a mais fácil...

Um aluno da engenharia mecânica, tipo esperto, olhos arregalados, um dia me sai com essa: "Professor, pode deixar que eu sei me deprimir sózinho..." Ele estava dispensando minha apresentação das canções tristes de Nick Cave, que aparece em filmes do alemão Wim Wenders.

Depois, em sua última aparição em sala de aula, antes de embarcar para a Suécia (onde não falam alemão), olha o que o cara aprontou: subiu, literalmente, pelas paredes.

Eu estava de costas para as janelas, no segundo andar, e ouvi um barulho. Parecia pombo no beiral e os outros alunos assumiram cara de espanto. Virei-me e vi o dito cujo, que escalara a parede externa e entrava pela janela. Um guarda veio reclamar. E o maluco, da engenharia, acalmou o vigilante, com a informação meio falsa: "Eu estudo aqui. Eu faço filosofia..."

Ao desembaraçar a mochila e pular dentro da sala, completou: "Sempre quis fazer isso. E agora, que estou formando, eu posso..."

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FORMATURA NÃO É FORMAÇÃO

Aluno & professor há meio século, preciso falar da tristeza em Santa Maria.
Nenhuma universidade passou por um drama desses.

Sou professor e pai (e tio) e vou repetir neste blog umas idéias e broncas que já ensaiei em sala de aula.

Por enquanto, o lamento por tantos jovens e famílias na cidade gaúcha. Hora de pensar no inesperado, no absurdo. E hora de ficar com receio de perguntar a meus colegas da UFSM se, por acaso, perderam parentes e amigos. Pois, com certeza, os filósofos de lá perderam alunos e ficaram também nesse pesar. Robson, Ronai, Ricardo Bins, C. Hamm são colegas da filosofia. Já estive lá duas vezes, inclusive para apresentar uma importante conferência, sobre o "Grotesco", em 2002. Belo campus, bela cidade.

Depois, volto ao tema: formação, formatura e... a indústria das festas. Uma conversa chata de adulto sobre cuidado, "cura", "Sorge" - em alemão (pre-ocupação de pai e de professor que já viu algumas coisas erradas e escapou de tantas).

Sim, caras alunas e sobrinhas, vou considerar isso: "Girls just wanna have fun"... Mas não podemos estacionar no video da Cindy Lauper, concordam? Tudo é muito mais.

Até breve.

Prof. Bento I Borges - UFU

(E mais uma vez: nossas condolências aos que sofrem em Santa Maria. Rogai por nós.)