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quarta-feira, 27 de março de 2013

ALGUÉM QUE SAIBA PENSAR DE PÉ

Ontem atendi convite de ex-alunos do PIPE e fui ver exposição de trabalho deles. Na disciplina de meu prezado colega Humberto Guido. O tema era ensino de filosofia e cabe bem aqui neste blog, pois estivemos tratando disso durante um semestre com as alunas da Pedagogia: ensinar filosofia.

O seminário tinha por fio condutor um texto da Profª Salma Tannus, algo como "Ler, escrever, pensar". Um bom texto, como se pode esperar, em coletânea cheia de feras e macacos velhos. Tarimba, entendem? Pedigree.

A questão era a origem do currículo mínimo, de 1962, que orienta e estrutura todos os cursos de filosofia no Brasil, com alguns temperos locais. Por exemplo, a Unicamp contempla melhor o quesito "ciência", com seu CLE e seus cadernos de História e Filosofia da Ciência.

O grupo fez bonito e creio que Guido e eu tivemos uma boa conversa, no entrevero.

As últimas linhas do texto de Salma recomendam algo meio desanimador para a galera, penso eu: quer cortar as asinhas de quem deseja voar antes da hora. Isso (voar e viajar na maionese dos conceitos) deveria ficar para os velhos cheio de manhas e títulos: a paciência do conceito, disse.

Ora essa. Aqui não queremos perder a paciência do conceito e nem a paciência tout court (opa! paciência "curta" soa bem, em francês)

Mas deixemos a velha França de lado, por instantes. É que, de repente, me lembrei de uma moça norte-americana, que foi minha colega em curso de alemão, em Göttingen, Alemanha, 1993. Cindy ou Sandy, anyway. Um dia em sala de aula, a garota ianque contou que seu patrão disse: "Eu preciso de alguém que saiba pensar de pé!"

(Boa essa, não? Ou, como diz a Bárbara Gancia, da Folha, "acabou a matéria!")

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Nosso editor pede desculpas pela falta de imagens e de edição invocada, pois o pessoal do depto de arte já desceu para a praia.

sexta-feira, 22 de março de 2013

VEM DO BERÇO

A educação, que vem do berço, deveria continuar na van.


Nos anos 80, algum pedagogo crítico, talvez o Gadotti, não resistiu ao trocadilho e traduziu “pedagogo”, do grego, como “o motorista da Kombi” (da Alemanha).
Explico: os críticos da escola capitalista & reprodutivista não queriam ser chamados de pedagogos; preferiam ser docentes, educadores, professores.
Educador é o compadre Pedro. Há poucos desse naipe. Mas nada de crise: no sindicato, sou docente; na sala de aula, professor; no SIAPE, sou funcionário público – barnabé.

How cute!
Mas, vamos falar de educação e de Kombi. Alguns diziam por aí, com certo ar elitista e determinista que a educação começa no berço . Ou no caixote, na rede, no jacá – conforme suas preferências culturais, para citar Hans Haufe.
Sim, pode ser. Mas para muitos, a educação começa no berço e logo acaba na perua que leva a criançada para a escola: muitos motoristas são mal educados e a molecada também.
Por favor, senhores motoristas de vans, kombis e peruas! Por favor, não buzinem na rua às seis horas da manhã! Não buzinem em minha porta, tão cedo, pois nem todo mundo precisa madrugar. Educação é respeitar o sagrado direito alheio ao repouso, ao sono.

Senhores motoristas, por favor, apertem a campainha, o interfone, mas não buzinem. Tá legal? E, com isso, estarão servindo de exemplo aos estudantes: silêncio e respeito.
E vocês, também, caros estudantes, que não vão a pé para a escola, esperem no portão e  colaborem com o silêncio dentro da van. Ajudem o motorista a se concentrar ao volante. Falem baixo e evitem distrair o condutor do veículo escolar.
Enfim, de volta ao tema: o motorista da Kombi pode, sim, ser educado e educador. E vocês, queridos estudantes que moram longe, sejam mais corteses, discretos e prudentes. Comportem-se. Ficou claro? Ou será que estamos falando grego?

Sem balbúrdia, please.

sábado, 16 de março de 2013

NÃO FALA COISA COM COISA

Este é mais um post corporativo: sobre a imagem do professor.

Por exemplo, a imagem do professor que ora digita este post. Imagem imaginada.

Um círculo se fechou há cinco meses, exatamente trinta e três anos depois da primeira viajada delas na maionese. Em 1979, as alunas do curso de Letras, da UFU, estavam esperando a aparição deste locutor que vos fala sem falácias. E quando o jovem professor apontou o nariz na sala de aulas, as alunas estranharam: a figura não batia com a imagem fantasiosa que criaram, em grupo. De onde tiraram aquelas meigas donzelas a idéia de que um professor de filosofia seria baixinho, gordinho e careca?

Senti desapontá-las então e recém senti de novo, na Pedagogia, pois não vou diminuir um côvado sequer de minha estatura pouco acima da mediana, tipo Edu Lobo. Não uso tônico capilar e não migrei para a classe obesa.

Talvez essa seja a imagem de Sócrates (mais a barba) ou de Adorno  (menos a barba, mais óculos).

Parece bom não corresponder ao estereótipo, não ter cara de filósofo. Divertido ser confundido com o sujeito que aluga as mulas no Pico do Caparaó ou com um indiano, na Índia. E o guia da Hidrelétrica de Itaipu, que achou que eu fosse engenheiro? Larvatus prodeo... ou seja: caminho disfarçado.

Agora segurem esta, que comento no próximo post deste blog, que é um papo de quem tem 50 anos de escola - cinquenta anos, cincoenta. Muita coisa. Segurem esta: "aquele professor maluco, que não diz coisa com coisa?" (Ih! Esse cara sou eu - das bin ich...)

See you later, jacaré.

quinta-feira, 7 de março de 2013

O PROFESSOR XEZENÉGA

O Arnold parecia um bronco, um monte de músculos, no papel de Conan. Baita sucesso sobre eras pagãs.

Três séries de oito, depois do alongamento, umas quatro vezes por semana e muita,
muita genética e sorte e dedicação, etc.

Aí, o Mister Universo progrediu barbaridade: descolou um serviço de bedel num jardim de infància. Não deu tiro nem pancadas. E, fala sério, a melhor cena do filme é quando um pirralho inocente diz ao brutamontes austríaco: "Sir, boys have a 'pinis' and girls... have a 'vadjáina'"... (Wahnsinn...)


E vieram tantos sucessos no cinema, ao lado da experiência na política, quando foi governador da California, de 2003 a 2011. Não é pouca coisa. E não parou de fazer filmes.

Vai um autógrafo aí ou tá difícil?

E agora continua a ser notícia: lança livros na feira de Frankfurt e... torna-se professor de uma faculdade que acaba de fundar.

O sucesso atinge a filosofia. Os colegas da UFOP, em Ouro Preto, não resistiram ao famoso slogan do Terminator: hasta la vista, baby.


E temos uma foto rara desse musculoso herói das academias, ao lado de um colega de trabalho, hoje professor, mais pra mindbuilder que outra coisa.

Arnold e nosso colega, no Rio de Janeiro, quando nem sonhavam com o magistério.


Então é hora de voltarmos à nossa bem sucedida campanha de motivação: torne-se um professor e lute pelo salário da categoria! E se for preciso brigar mesmo com os secretários de educação neoliberais, conte com essa força de nossos novos colegas de profissão. 


Essa pose premonitória é a síntese: Conan, el pensador...

(Depois dessa, como diria a Bárbara Gancia, "acabou a matéria!")