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quinta-feira, 18 de julho de 2013

DEU NO D.O.U.

Deu no D.O.U.: o professor se aposentou!


D.O.U.
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Edição do dia 1º de julho de 2013

Ou seja, agora é oficial: o animador deste blog parou de lecionar na UFU

E antes que alguém pense "ah! esse blog era só uma atividade acadêmica...",
reaparecemos (o blog e eu).

Não, não. Nunca fiz post para pontuar no Lattes. Não perdi; gastei um bom tempo aqui na net, pelo prazer da coisa - for the sake of it.


Só isso, de momento. Preciso treinar pra ficar à toa. Pois não é fácil parar de trabalhar.


Em tempo: conforme combinado, meus caros (ex) alunos e minhas queridas (ex) alunas, minha vaga está lá na UFU. Passo a bola pra vocês (mas não pendurei as chuteiras).

See you later, aligators.


Vamos falar sobre isso, em breve:

VENCI.

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(E mais: ex cathedra)




segunda-feira, 29 de abril de 2013

COM CHAVE DE OURO

Caros visitantes e colegas,

este blog, nascido para a disciplina PIPE, do curso de filosofia da UFU, veio a ser o veículo oficial da disciplina oferecida à graduação em Pedagogia, da mesma universidade, neste 2012 acadêmico. Depois de um primeiro semestre muito rico de conteúdo, debates e amizade, assumiu a turma meu prezado aluno Uilson. Eu fiquei triste por deixar a turma, porém feliz por ver o progresso desse jovem: encarou de boa essa tarefa, aceitou uma sugestão de novo conteúdo e, além disso, tornou-se mestre durante esses últimos meses. Então, passou de Sr. Uilson a Professor Uilson e, agora, com orgulho dele e nosso: Professor Mestre Uilson...

E sempre notei que as alunas da turma gostam do curso e do trabalho na escola, que muitas já executam. É gratificante ensinar para quem quer aprender e já atua na grande área, na pequena área, no escanteio.  Só bons resultados: gols de letra e de placa.

Falar nisso, as alunas me emocionaram com uma homenagem, em placa e em discurso. Lamentei os desencontros de fim de semestre e não estive quando e onde devia. Mas no dia seguinte, quando eu estava naquela peleja final de vista de notas com duas turmas da filô, uma comissão mui distinta veio agraciar-me com essas palavras bonitas e tão oportunas. Sim, dia 17 foi meu último dia de professor regular na UFU. Férias. Aposentadoria e... (não sei ainda).

Por enquanto, agradeço a homenagem a todas as alunas e a cada uma. E também ao Prof. Uilson, que cuidou muito bem da partida, no segundo tempo.
Muito obrigado!
Abraços a todas e a um.

Prof. Bento I Borges,
emocionado com os elogios e já-sempre com saudades da turma e da sala de aula.


Comissão de alunas (Consuelo e Irisléa)
no momento em que o professor
recebeu o texto da gentil homenagem

(E vai virando história)



MENSAGEM AO NOSSO MESTRE PROFESSOR BENTO ITAMAR

Bento, Professor que passamos a conhecer e admirar... Esta mensagem é para você...
Para escrever estas linhas, poderíamos reproduzir uma poesia, escrita pelos grandes poetas, como Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, mas não, preferimos escrever palavras que formem frases para expressar o sentimento que está em nossos corações;
Poderíamos utilizar fragmentos das escritas dos grandes filósofos, como Descartes, Sócrates, Platão... Mas não, preferimos escrever  o que pensamos, pensamentos que foram construídos nas nossas aulas...
Uma história que nasceu nos primeiros dias de 2012, quando iniciamos o terceiro ano da Pedagogia... ah! Não conseguiremos esquecer aquela manhã em que esse notável professor nos agraciou com sua chegada. Foi um momento de grande expectativa e ansiedade e que nos surpreendeu durante o primeiro semestre... Mas, como tudo que é bom dura pouco, justamente no auge da nossa convivências, eis que nosso admirável professor nos surpreende mais uma vez saída inesperada. Mas essa história não concluída foi vivida intensamente, não é sábio professor?
Mas tudo bem, essas 34 mulheres que compõe a turma 67º da Pedagogia Diurno, te considera e te admira respeitosamente, e não nos esquecemos da sua promessa, esse é o momento: “Para brindar a nossa história estamos aguardando aquela prosa acompanhada de um bom vinho”!
(Ah! Pode postar essas palavras em nosso Blog)
Uberlândia, 17 de abril de 2013

Não há de faltar uva nem ocasião para vinho: saúde!

quarta-feira, 27 de março de 2013

ALGUÉM QUE SAIBA PENSAR DE PÉ

Ontem atendi convite de ex-alunos do PIPE e fui ver exposição de trabalho deles. Na disciplina de meu prezado colega Humberto Guido. O tema era ensino de filosofia e cabe bem aqui neste blog, pois estivemos tratando disso durante um semestre com as alunas da Pedagogia: ensinar filosofia.

O seminário tinha por fio condutor um texto da Profª Salma Tannus, algo como "Ler, escrever, pensar". Um bom texto, como se pode esperar, em coletânea cheia de feras e macacos velhos. Tarimba, entendem? Pedigree.

A questão era a origem do currículo mínimo, de 1962, que orienta e estrutura todos os cursos de filosofia no Brasil, com alguns temperos locais. Por exemplo, a Unicamp contempla melhor o quesito "ciência", com seu CLE e seus cadernos de História e Filosofia da Ciência.

O grupo fez bonito e creio que Guido e eu tivemos uma boa conversa, no entrevero.

As últimas linhas do texto de Salma recomendam algo meio desanimador para a galera, penso eu: quer cortar as asinhas de quem deseja voar antes da hora. Isso (voar e viajar na maionese dos conceitos) deveria ficar para os velhos cheio de manhas e títulos: a paciência do conceito, disse.

Ora essa. Aqui não queremos perder a paciência do conceito e nem a paciência tout court (opa! paciência "curta" soa bem, em francês)

Mas deixemos a velha França de lado, por instantes. É que, de repente, me lembrei de uma moça norte-americana, que foi minha colega em curso de alemão, em Göttingen, Alemanha, 1993. Cindy ou Sandy, anyway. Um dia em sala de aula, a garota ianque contou que seu patrão disse: "Eu preciso de alguém que saiba pensar de pé!"

(Boa essa, não? Ou, como diz a Bárbara Gancia, da Folha, "acabou a matéria!")

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Nosso editor pede desculpas pela falta de imagens e de edição invocada, pois o pessoal do depto de arte já desceu para a praia.

sexta-feira, 22 de março de 2013

VEM DO BERÇO

A educação, que vem do berço, deveria continuar na van.


Nos anos 80, algum pedagogo crítico, talvez o Gadotti, não resistiu ao trocadilho e traduziu “pedagogo”, do grego, como “o motorista da Kombi” (da Alemanha).
Explico: os críticos da escola capitalista & reprodutivista não queriam ser chamados de pedagogos; preferiam ser docentes, educadores, professores.
Educador é o compadre Pedro. Há poucos desse naipe. Mas nada de crise: no sindicato, sou docente; na sala de aula, professor; no SIAPE, sou funcionário público – barnabé.

How cute!
Mas, vamos falar de educação e de Kombi. Alguns diziam por aí, com certo ar elitista e determinista que a educação começa no berço . Ou no caixote, na rede, no jacá – conforme suas preferências culturais, para citar Hans Haufe.
Sim, pode ser. Mas para muitos, a educação começa no berço e logo acaba na perua que leva a criançada para a escola: muitos motoristas são mal educados e a molecada também.
Por favor, senhores motoristas de vans, kombis e peruas! Por favor, não buzinem na rua às seis horas da manhã! Não buzinem em minha porta, tão cedo, pois nem todo mundo precisa madrugar. Educação é respeitar o sagrado direito alheio ao repouso, ao sono.

Senhores motoristas, por favor, apertem a campainha, o interfone, mas não buzinem. Tá legal? E, com isso, estarão servindo de exemplo aos estudantes: silêncio e respeito.
E vocês, também, caros estudantes, que não vão a pé para a escola, esperem no portão e  colaborem com o silêncio dentro da van. Ajudem o motorista a se concentrar ao volante. Falem baixo e evitem distrair o condutor do veículo escolar.
Enfim, de volta ao tema: o motorista da Kombi pode, sim, ser educado e educador. E vocês, queridos estudantes que moram longe, sejam mais corteses, discretos e prudentes. Comportem-se. Ficou claro? Ou será que estamos falando grego?

Sem balbúrdia, please.

sábado, 16 de março de 2013

NÃO FALA COISA COM COISA

Este é mais um post corporativo: sobre a imagem do professor.

Por exemplo, a imagem do professor que ora digita este post. Imagem imaginada.

Um círculo se fechou há cinco meses, exatamente trinta e três anos depois da primeira viajada delas na maionese. Em 1979, as alunas do curso de Letras, da UFU, estavam esperando a aparição deste locutor que vos fala sem falácias. E quando o jovem professor apontou o nariz na sala de aulas, as alunas estranharam: a figura não batia com a imagem fantasiosa que criaram, em grupo. De onde tiraram aquelas meigas donzelas a idéia de que um professor de filosofia seria baixinho, gordinho e careca?

Senti desapontá-las então e recém senti de novo, na Pedagogia, pois não vou diminuir um côvado sequer de minha estatura pouco acima da mediana, tipo Edu Lobo. Não uso tônico capilar e não migrei para a classe obesa.

Talvez essa seja a imagem de Sócrates (mais a barba) ou de Adorno  (menos a barba, mais óculos).

Parece bom não corresponder ao estereótipo, não ter cara de filósofo. Divertido ser confundido com o sujeito que aluga as mulas no Pico do Caparaó ou com um indiano, na Índia. E o guia da Hidrelétrica de Itaipu, que achou que eu fosse engenheiro? Larvatus prodeo... ou seja: caminho disfarçado.

Agora segurem esta, que comento no próximo post deste blog, que é um papo de quem tem 50 anos de escola - cinquenta anos, cincoenta. Muita coisa. Segurem esta: "aquele professor maluco, que não diz coisa com coisa?" (Ih! Esse cara sou eu - das bin ich...)

See you later, jacaré.

quinta-feira, 7 de março de 2013

O PROFESSOR XEZENÉGA

O Arnold parecia um bronco, um monte de músculos, no papel de Conan. Baita sucesso sobre eras pagãs.

Três séries de oito, depois do alongamento, umas quatro vezes por semana e muita,
muita genética e sorte e dedicação, etc.

Aí, o Mister Universo progrediu barbaridade: descolou um serviço de bedel num jardim de infància. Não deu tiro nem pancadas. E, fala sério, a melhor cena do filme é quando um pirralho inocente diz ao brutamontes austríaco: "Sir, boys have a 'pinis' and girls... have a 'vadjáina'"... (Wahnsinn...)


E vieram tantos sucessos no cinema, ao lado da experiência na política, quando foi governador da California, de 2003 a 2011. Não é pouca coisa. E não parou de fazer filmes.

Vai um autógrafo aí ou tá difícil?

E agora continua a ser notícia: lança livros na feira de Frankfurt e... torna-se professor de uma faculdade que acaba de fundar.

O sucesso atinge a filosofia. Os colegas da UFOP, em Ouro Preto, não resistiram ao famoso slogan do Terminator: hasta la vista, baby.


E temos uma foto rara desse musculoso herói das academias, ao lado de um colega de trabalho, hoje professor, mais pra mindbuilder que outra coisa.

Arnold e nosso colega, no Rio de Janeiro, quando nem sonhavam com o magistério.


Então é hora de voltarmos à nossa bem sucedida campanha de motivação: torne-se um professor e lute pelo salário da categoria! E se for preciso brigar mesmo com os secretários de educação neoliberais, conte com essa força de nossos novos colegas de profissão. 


Essa pose premonitória é a síntese: Conan, el pensador...

(Depois dessa, como diria a Bárbara Gancia, "acabou a matéria!")


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UM ALUNO MUITO DOIDO

Este blog não está caindo pelas tabelas e nem fazendo água. Todo mundo sumiu dos blogs e dos emails, mas não vamos procurar os fujões da internet, assim como nunca fomos no bar caçar os que cabulam aula. Vem quem quer. E foi quem kiss...

Mas... já não interessa mais puxar orelhas quanto ao equívoco: formatura não é formação. Não queremos nos passar por chatos. E os baladeiros de hoje vão dizer que os tempos mudaram. De fato. Os novos boêmios é que se cuidem pra não morrerem torrados em boate ou com um rojão no grão do olho. Copa sem foguete, por favor, senhores da Gavião... E escolham entre dirigir & beber & sobreviver. (Embora o trabalho continue a matar mais que a diversão... É vero...)

Um tema que pode voltar aqui: "quando é bom ensinar". Há mais casos memoráveis.

Uma seção nova, cheia de itens: os micos inevitáveis. Ou seja, o professor não evita os constrangimentos da conversa em geral. E temos casos diversos de "bom dia a cavalo", podem crer. Aguardem.

Já que muitos professores erados e quadrados gostam de falar de seus próprios mestres inesquecíveis, vamos evitar o corporativismo saudosista e inverter a conversa: quero, de repente, citar aqui alguns alunos e algumas alunas que a memória não abandona. Figuras.

Vai aqui um exemplo.


Era um curso de alemão instrumental, na UFU, por volta do ano 2000. Alunos de diversos cursos vinham aprender comigo um alemãozinho básico. Muitos - dentre os poucos que iam resistindo - queriam ir para a Alemanha, fazer pós. E essa língua alemã é mesmo difícil e chata. Pior, me disse uma professora em Göttingen: os alemães não vão mesmo nos agradar - não vão mudar a lingua deles para se aproximar da nossa, que é a mais fácil...

Um aluno da engenharia mecânica, tipo esperto, olhos arregalados, um dia me sai com essa: "Professor, pode deixar que eu sei me deprimir sózinho..." Ele estava dispensando minha apresentação das canções tristes de Nick Cave, que aparece em filmes do alemão Wim Wenders.

Depois, em sua última aparição em sala de aula, antes de embarcar para a Suécia (onde não falam alemão), olha o que o cara aprontou: subiu, literalmente, pelas paredes.

Eu estava de costas para as janelas, no segundo andar, e ouvi um barulho. Parecia pombo no beiral e os outros alunos assumiram cara de espanto. Virei-me e vi o dito cujo, que escalara a parede externa e entrava pela janela. Um guarda veio reclamar. E o maluco, da engenharia, acalmou o vigilante, com a informação meio falsa: "Eu estudo aqui. Eu faço filosofia..."

Ao desembaraçar a mochila e pular dentro da sala, completou: "Sempre quis fazer isso. E agora, que estou formando, eu posso..."

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

FORMATURA NÃO É FORMAÇÃO

Aluno & professor há meio século, preciso falar da tristeza em Santa Maria.
Nenhuma universidade passou por um drama desses.

Sou professor e pai (e tio) e vou repetir neste blog umas idéias e broncas que já ensaiei em sala de aula.

Por enquanto, o lamento por tantos jovens e famílias na cidade gaúcha. Hora de pensar no inesperado, no absurdo. E hora de ficar com receio de perguntar a meus colegas da UFSM se, por acaso, perderam parentes e amigos. Pois, com certeza, os filósofos de lá perderam alunos e ficaram também nesse pesar. Robson, Ronai, Ricardo Bins, C. Hamm são colegas da filosofia. Já estive lá duas vezes, inclusive para apresentar uma importante conferência, sobre o "Grotesco", em 2002. Belo campus, bela cidade.

Depois, volto ao tema: formação, formatura e... a indústria das festas. Uma conversa chata de adulto sobre cuidado, "cura", "Sorge" - em alemão (pre-ocupação de pai e de professor que já viu algumas coisas erradas e escapou de tantas).

Sim, caras alunas e sobrinhas, vou considerar isso: "Girls just wanna have fun"... Mas não podemos estacionar no video da Cindy Lauper, concordam? Tudo é muito mais.

Até breve.

Prof. Bento I Borges - UFU

(E mais uma vez: nossas condolências aos que sofrem em Santa Maria. Rogai por nós.)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Quando é bom ensinar

Da célebre sessão

"Cinqüenta anos de escola"


1. Uma boa cachaça, um pacote de carne de sol, uma rapadura. Isso foi o que ganhei após trabalhar duas semanas em um pequena faculdade. O pedido estava na mesa de meu chefe havia dois anos. Ninguém se dispusera a ir. Aí eu disse que iria, nas férias. Não haveria pro-labore, ou seja, nada de graninha extra. Mas e daí? Cadê aquela disposição para ajudar? Ainda mais no sofrido norte de Minas Gerais, nossa área de Sudene.

Pagaram o ônibus - umas oito horas rasgando o cerrado - e o hotel. Bom demais. E fiquei durante quinze dias animando o trabalho e a perspectiva de professores e alunos de diversas áreas em uma instituição de ensino superior de Montes Claros. Eu não sei se matei aula de geografia em meu tempo de garoto, mas esperava que houvesse um rio lá. Não há. Mas uma ferrovia, sim. E diversos jornais, uns quatro, pois, logo entendi, havia quatro ou mais tendências políticas. Compreensível, na terra onde nasceu Darcy Ribeiro e uma mulher valente, que armou uma rebelião naquele grande sertão.

O assunto era pesquisa, metodologia, monografia. Essas coisas úteis no momento em que uma instituição cria coragem para deixar de ser um colégião, como se dizia. E eu já era mestre, já havia escrito minha própria monografia e alguns artigos. E tinha dez anos de prática naqueles conteúdos e habilidades.

Fui muito bem recebido, com sorrisos e ouvidos atentos. E, no dia da despedida, levaram-me ao mercado antigo, onde ganhei de agrado aquelas iguarias especiais. A carne de sol ali é chamada de "carne de dois pelos"; a cachaça excelente ainda existe e tem o delicioso nome "Inhantes" - tomar uma talagada inhantes do almoço, por exemplo. E os presentes foram reunidos em uma simpática cesta feita de palha de milho.

Creio que ensinei coisas relevantes para os participantes daquele curso de atualização. E tive uma rara experiência de ensinar para quem quer aprender. Não fui ganhar dinheiro, mas me senti muito realizado e satisfeito em colaborar. E nunca me esquecerei dos agrados e de algumas histórias naquele querido canto de Minas Gerais.


Montes Claros, 1990.