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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

FACEBOOK É IGUAL ENCERADEIRA

Cera, enceradeira, cera, enceradeira...

Um anúncio fez sucesso na TV, anos 90. A moça anunciava um novo produto para fazer brilhar o piso. E desqualificava a enceradeira, um trambolho que polia a cera de carnaúba... Sumiram do mapa: a cera, a enceradeira e a mania de pisos brilhantes.

O Dr. Hans Zynza, da Universidade Nirgendwo, é um grande estudioso dos fenômenos de mídia na era digital e acaba de lançar um livro - por enquanto apenas em javanês - em que analisa o Facebook.

"Os americanos inventam essas geringonças, ganham dinheiro, livro, filme, Oscar e mais dinheiro, mas... eles mesmos não perdem muito tempo nisso. E os chineses? Na China e nas Arábias, por motivos que nem sempre apoiamos, essas redes sociais também são proibidas ou controladas." (Idem, Ibid.) 

Pois bem, no tempo do Orkut, os jovens brasileiros eram os mais viciados. Há uns cinco ou seis anos, a média de tempo gasto e desperdiçado chegava a cinco horas por dia, entre os jovens. E agora, o facebook.

Sim, todo mundo abre uma conta no facebook e depois gasta um tempo precioso para selecionar as ofertas de "amizade": esse sim, esse não, esse de jeito nenhum... E sobra pouco tempo para o conteúdo, que costuma resumir-se a um "olá!" e alguns "kkk..."

A máquina é muito besta e não sabe que um curso de línguas ou uma livraria não são exatamente o que em português chamaríamos de "amigo", termo que, aliás, anda prejudicado, melindrado por novos gêneros de relacionamento. De repente, colega, quando muito.

E os norte-americanos tem que saber que, por suposto, minha comadre Luisa é minha amiga. Já é. Não preciso incluí-la, pois o compadrio é uma velha e boa forma latinoamericana de amizade e consideração.

Talvez a lista de amigos no face entre no lugar dos "penfriends" de outrora, do jogo de postais, tipo pirâmide, em que você enviava dez postais e recebia mil - se todos levassem a sério.

Sim, vamos curtir o facebook, as long as it lasts, pois não demora e surge outra máquina com novas manias. E daí? Vamos usar o que está disponível, sem dúvida. Mas... e os livros, os parques, as visitas que podemos fazer nessas férias a sadios e doentes, parentes e estranhos?

Para não queimar o filme do Dr. Hans Zynza, que pode parecer um cara ultrapassado e chato, vamos citar uma figura e tanto, no próximo parágrafo, que olha de banda para o facebook. Voltem, caso queiram, ao início deste post. O Dr. Hans não é do tipo que gostaria de abandonar a enceradeira por saudades do escovão. Deus nos livre e guarde! O que era aquilo? Pelo contrário: assim como deixamos de polir o chão, também podemos mudar outras atitudes e até conviver com novidades e tradições. Podemos dar as caras no face todo dia, por alguns minutos, como quem bate ponto e diz hello, mas também ler alguns livros e jornais.
Voltar ao passado? Nem sempre.

E quem é o doidão, que tanto admiramos? Lobão, o roqueiro, o irreverente, o presidiário que organizou campeonatos de surfe no sabão. E que aos 50 anos lançou biografia. Em programa de TV, diz ao Serginho Groissman que leu mil coisas no tempo de escola (e que escola! Um colégio de padres, no Rio. Sim, senhores), mas teria lido menos se houvesse facebook e tuitter naquela naquela época boa para o rock. Não teria lido Platão, disse ele, como quem lamentaria se vivesse hoje a perder parte do tempo precioso.
Lobão não teria lido Platão, se perdesse tempo com facebooks e orkuts

Para encerrar (ops!, com dois rr), uma filosofada a favor das novas mídias. Descartes e Kant escreveram milhares de cartas, que ainda podemos ler. Nós, hoje escrevemos milhões de mensagens e torpedos e post, que dificilmente sobreviverão. Mas, nós podemos recortar uma carta de Kant e publicar aqui, de um jeito que as cartas não puderam e não poderiam fazer. É o progresso técnico e a vantagem de estarmos vivos.

A primeira indústria nos EUA é a guerra. A segunda é o entretenimento. Seria bom invertermos: mais discos e filmes e games que bombas e tanques, sem medo da indústria cultural. Pois bem, o cinema precisa de roteiristas e novas idéias. Há uns quatro anos, os roteiristas fizeram greve nos EUA. Quem diria? O trabalho não morreu. E a mídia toda precisa de conteúdo, inclusive de nossas leituras e reflexões.
Lobão cinquentão, que não sartô fora da conversa ilustrada

Fazer o quê, galera? Eu não estou de férias e... continuo por aqui matutando algo. Pois o PIPPE vive, tipo "the heat is on".


domingo, 8 de janeiro de 2012

ENQUANTO VOCÊ DORMIA

Blog do PIPPE não tem silicone e não tira férias. Mas convém reduzir o texto. E, sem eventos novos, o lance é retomar velhas idéias e comentar ocorrências recentes em sala de aula.

Diante do perfil que fazíamos de Leibniz, uma aluna da História disse que o professor poderia virar chargista.
Cara aluna, o professor desenha caricaturas e garatujas há meio século. Já é.

Depois de uma certa pausa, voltou a rabiscar alguma coisa.

E vamos situar essas duas charges aqui apresentadas em primeira mão (Alô, Piracicaba!)

Não, não se trata de explicar a piada. Apenas queremos deixar claro que a mocinha aí não é nenhuma aluna específica. A idéia veio com pós de maquiagem que poderiam colorir um desenho. No mais, a brincadeira com as palavras da hora: "eu tô passada" e "fui reprovada..." Sem provocações, portanto.

(E, por favor, galera... quem tirou noventa não venha chorar um cem... please)

A outra charge foi enviada para o informativo do Sindicato dos professores, mas, se for publicada, vai demorar. Então aí está um crítica ao ensino à distância, nem sempre recomendado.

(É que o conselho superior da UFU, Condir, aprovou um tipo de curso "semi-presencial", seja lá o que isso signifique, mas que sempre implicará em reduzir as chances de trabalho do professor. Querem botar um computer em nosso lugar? Deixem disso, seus manicados por tecnologia... Conversa fiada, de novo.)