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sábado, 25 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO NO BANHEIRO DA ESTRADA

Caros leitores e seguidores e ex-alunos dos PIPES,

este blog está engatando uma primeira pós-carnavalesca: o PIPE volta. Volta e meia pára. E volta.

E agora volta sem a disciplina PIPPE. Vamos tentar manter a conversa aqui com algum material de uma disciplina a ser oferecida no curso de Pedagogia da UFU. Se a turma quiser, etc. Veremos esta semana se vai rolar ou não assim.

No mais, o blog continuará a servir para uma prosa de professsor, observações pedagógicas e didáticas e midiáticas. E sobre o mundo do trabalho. Do filósofo, inclusive.

Por exemplo, isso aqui: o H do IDH é o mesmo do papel Higiênico...

Sucedeu que fui a um banheiro de beira de estrada e gostei dessa placa.

Voltei com a câmera e fui seguido por um frentista. Expliquei que eu era professor e usaria essa foto em sala de aula. E fiz as fotos. E não foi por mera curiosidade ou à cata de erros de pintores, não. Essa cota de papel serve de lição: tem gente que gosta de rolo. E leva o rolo de papel para casa.

Nesse meio tempo, surgiu um dilema que o ministro Guido Mantega tentou equacionar: como pode o Brasil ser a quinta potência em produção de riquezas hoje, se sair-se tão mal no Indice de Desenvolvimento Humano? Lá na 80ª posição, mais ou menos. No PISA também estamos longe dos melhores. O ministro tentou uma previsão, pois é disso que vivem os economistas: dentro de uns vinte anos, disse Mantega, poderemos alcançar o IDH compatível com o 5º PIB do mundo...

Well, eu diria: pelo menos uma geração, 25 anos, para os netos. E é claro que a escola pode ajudar a encurtar esse período. Alguém precisa dizer: é feio afanar o papel que o próximo usuário da privada usaria para limpar o traseiro. Muito feio furtar papel. E muito desconfortável improvisar uma solução, de volta ao jornal ou à folha de mamona...

Vamos aprender a deixar o papel lá, no WC da beira da BR ou nos banheiros da universidade. Pois como dirira o lider dos Gremlins: "pode até ser engraçado, mas não é civilizado" (no sentido Spielberguiano do termo).


Claro que ainda temos que lutar contra a corrupção, o desmatamento, a dengue. E é igualmente claro que estamos em tempos de paz e fartura no Brasil e que não queremos ser outro povo e nem morar em outro país. E não adianta mostrar os grandes defeitos dos outros, pois tem hora que só queremos nosso metro e meio de papel picotado. E não dá pra enrolar o rabo e sentar em cima, mormente se o dito cujo estiver sujo, afinal.

Chato falar disso, mas é que... eu prometi ao frentista.

Claro que o ministro Mantega sabe boa parte da solução do enigma: o Brasil melhorou muito e agora o Obama nos chama pra gastar na Disney, sem visto. Ok. Mas ainda falta dividir melhor a riqueza. Se é per capita, dá pra saber o quanto toca para superarmos a desigualdade salarial. Dinheiro, saúde, educação. O de sempre e udi sempre. Leva tempo e depende de atitudes e compromissos.

Nos anos 80, a esquerda gostava da imagem de dividir o bolo
(além da piadinha de palanque: o Delfim Neto engordou ao comer o bolo sozinho)

Nas florestas geladas da Sibéria, cada ocupante de uma cabana deixa lenha seca para o próximo estranho que eventualmente venha a procurar abrigo naquele inverno terrível. Parece bem mais fácil, então, deixar o rolo de papel ali no WC do posto de gasolina, onde paramos para verter a cerveja do carnaval, etc.

Dersu explica ao Capitán: "O fogo é gente. A água é gente."

(E educação é isso também, gente: pensar no outro, respeitar os bens coletivos.)

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