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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PIPPE TEM i DE INTER-DISCIPLINAR

JÁ QUE...

PIPPE dá carona pra turma de LPTF
Já que o PIPPE tem um i de interdisciplinaridade, vamos parar de frescura e misturar essa disciplina incipiente com a LPTF (Leitura e produção de textos em filosofia). Aqui é por nossa conta e sem risco. Essa é a forma mais garantida de interdisc: quando um professor ministra duas ou três “discipulinas “ e um dia mistura as pastas e embaralha as fichas...
EIS QUE SENÃO QUANDO...
Em breve, encerraremos o semestre da já saudosa PIPPE 2 (“não chore ainda não...”, Chico Buááárque) e aí? O que será que será? De repente, o blog vai continuar navegando em velocidade de cruzeiro sem icebergs, para tratar de questões pedagógicas. Ou didáticas, sabe-se lá. Uma amostra grátis vem aqui a seguir, a partir de motivações e demandas da turma, que é mais ou menos composta pelos mesmos alunos e alunas nas duas disciplinas.

NÃO SÓ DE SALÁRIO E PERRENGUEZAS
Sim, podemos ter alguma. Yeah!

Por ocasião do dia do professor, mês passado, raras mas bem-vindas foram as mensagens em  homenagem à prezada categoria. O clima geral não estava favorável às homenagens, dias depois que uma professora levou um tiro pelas costas. Sobreviveu para lamentar a perda do aluno de dez anos e nenhum juízo. No PIPPE, andáramos a apresentar tabelas salariais e estatísticas da abalada saúde dos professores em diferentes sistemas. A greve no estado de Minas também puxava nosso ânimo para a dura realidade do enfrentamento com um governo privatizante e ranheta. Mas tem que ser assim: os futuros professores devem saber como é que se luta pelo interesse coletivo, que é também uma luta para manter o poder aquisitivo. (Querem mais %? Dados de hoje, Folha de SP: 10% dos professores das redes públicas tem um bico, contra 3,5% das outras categorias profissionais... Daí a nossa conversa sobre vender garapa ou alugar o imóvel – ou o mais freqüente: vender perfumes e fazer unhas).
MAS VAI DAÍ QUE...
Só que numa dessas aulas, que alguns perderam, o professor trouxe um depoimento construtivo, no campo dos valores, no âmbito afetivo – pois que isso existe, ao lado da luta sindical da categoria! O que foi dito, de maneira sincera: é bom ser professor! E é bom lecionar para quem quer aprender – isso é, sim, gratificante. Exemplos diversos foram citados. E espera-se que seja o caso do PIPPE... Pois aqui o professor não finge que ensina para quem finge que aprende, até porque a turma quis saber isso e aquilo, curtiu e ainda pode inventar alguma coisa.

CONVERSOU DEMAIS E PAGOU MICO

Até mico-leão dourado cai na malha fina da conversa cruzada


Sexta-feira, dia 4, aula de LPTF, que pretende desenvolver habilidades de leitura e de redação (a onda produtivista que nos arrasta prefere “produção de texto”). O professor mudou um pouco o rumo da aula, pois um aluno exibiu um recém-adquirido exemplar de livro escrito pelo mestre. Aí a prosa foi sobre monografia. O livro serviu de modelo ou exemplo, à modo de Umberto Eco: como se faz a bendita tese. Mas, como diria a paranaense diante da casa destelhada: “nóis se empollguemo, daí...”
A aula entrou em labirintos de temas e imagens. Volta e meia, a Graça pedia retorno e até indicava atalhos...  Numa dessas, ao comparar o texto acadêmico com o jornalismo, o professor se enrolou, ao citar o jornalismo esportivo como gênero muito distante daquilo que pretendemos... Viche Maria! Sujou! (Alertou o ex-presidente norte-americano e a ficha caiu: temos um jornalista na sala de aula. Pior: redator de... esportes).
Claro, claro. Na hora, nem sempre conseguimos nos desembaraçar de um constrangimento. Tentamos e tentamos e a demora só piora as coisas, pois nessas alturas, lá se vai o discurso para o brejo da perda de acordo com o auditório... Alguém aí já meteu a cara em uma porta de vidro sem faixa vermelha? Não dá pra explicar nada. Ajunta os cacos dos óculos e se manda! Desce correndo a primeira rampa – até Aristóteles já sugeriu quando entrar mudo e sair calado.
Mas e aí? Magister dixit – ou seja, o mesmo filósofo macedônio disse que o silêncio é a arma do cético: temos que fazê-lo dizer alguma coisa, qualquer coisa que seja. O problema é conversar muito (ou demais). Mas só depois da encrenca feita, do leite derramado, é que sabemos que foi demais. De imediato, uma tentativa de sair pela tangente:  “eu me referia ao Tadeu Schmidt...”Pode piorar, se não sabemos o que pensa o aluno jornalista sobre esse nome. (Fantástico! Agora vai malhar meu ídolo!) Mas aqui ninguém quer ganhar o troféu bola murcha, tá ligado?
Por escrito agora, torno a usar os parâmetros que queria desenvolver ali, na aula, quando o clima já era. Não trago novos argumentos. O jornalismo esportivo segue um padrão diferente do que se espera de um texto acadêmico e mesmo de textos que cubram e analisem eventos culturais. Ora, isso pode ser do interesse mesmo do aluno jornalista, a médio prazo, pois haverá poucos jornalistas preparados  como ele para falar de filosofia, artes e coisas difíceis assim.... Melhorou?  Humm... Sei não...

Boca de siri também pode dar zebra
Últimas declarações antes do paredão: não adianta fugir do constrangimento, do mico, do mal-entendido. A não ser que se fique caladinho, cada um no seu canto, o que é o oposto da nossa prática: sair na chuva das conversas para se molhar, escorregar, cair e levantar. Em termos didáticos, o dilema, que interessa aos futuros professores: ou você se atém ao texto e não cativa a galera ou faz um pouco de teatro, consegue motivação, mas... pode pagar mico ao ferir susceptibilidades, por exemplo. Não tem saída. Ou tinha?
A prosa fica aberta, indecidida, até porque o interlocutor ou referido e eventualmente atingido aluno-jornalista não teve tempo e nem espaço para se manifestar. Um dia, voltaremos ao tema, para analisar o gênero literário e os  destinatários da gazeta esportiva. É com você, Amir Sabag! Que joguinho foi esse no Sabiá ontem, mermão?
(Fala sério. Aqui bancamos até o ombudsman de nosso próprio blog, o superego de nossa aula, temos que ser a mosca e  a sopa. Enfim, é cobrar o escanteio e correr pra cabecear e ainda espalmar a mesma bola no mesmo lance. Sem replay, mas com tira-teima.)

“A MELHOR AULA QUE TIVEMOS ATÉ AGORA”
Contente com o conteúdo

Dois ou três alunos se manifestaram assim sobre a aula de sexta-feira passada: essa aula foi boa, foi massa. E tudo começou com o livro, autografado em seguida. (Vamos levar um pacote de livros na próxima aula – reservem 25 reais aí, galera... Não comprem mais DVDs de dupla caipira, pois briga de irmão foi armação da mídia...)
Essa é fácil de comentar. A aula teve conteúdo (ao passo que as demais, de LPTF, visaram ensinar técnicas e macetes – com exercícios sobre temas menos difíceis etc) e sobre isso o professor é o cara. Ou pelo menos foi, em 1986. Mas ainda se lembra bem do significado e das implicações da... Fundamentação discursiva da Teoria Crítica em Habermas. Sabe-se lá qual seria o status epistemológico da antecipação contrafatual da situação ideal de fala...

Nem sempre podemos trazer temas pesados e agradáveis assim, pois temos que ensinar a fazer síntese, fichamento, capa, resenha... Mas poderemos oferecer novas disciplinas no próximo ano, com substância, cerne e caroço.

Aula! Aula!
(saudades do cursinho, turma...)

++++
Aguardem proposta de calendário
 para as próximas aulas do PIPPE.

E pensem no que ainda podemos fazer
 neste semestre, que ainda tem café no bule.


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