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sábado, 1 de outubro de 2011

FORU É NÓIS FORA DA FEIRA?


Agora in english, pra esnobar nossa fluência poliglota. No três, everybody. Três:

FORU: IS IT NOT FOR US?



Relato de nossa repórter especialmente escalada para cobrir esse evento:

(Pipe and Reuters International, UPI) Fui à Feira de Oportunidades e Recrutamento de Uberlândia – FORU no dia 22/09 e visitei os estandes das empresas participantes, conversando com seus representantes no intuito de saber o quanto essas empresas se interessam por profissionais com formação filosófica e também entender o quanto nós, estudantes de Filosofia e também os já formados temos a acrescentar, enriquecer (no sentido mais amplo da palavra) essas empresas.
Fiz o credenciamento para assistir às palestras programadas para aquela tarde, mas devido a problemas com os equipamentos de multimídia  houve um atraso considerável (mais de 40 minutos) impossibilitando-me de comparecer.

Conversei com várias pessoas, representantes dessas empresas e constatei o seguinte:
Apenas para a empresa de consultoria em RH RECRIAR DESENVOLVIMENTO HUMANO o curso de Filosofia é um diferencial, visto que os que optam por esse curso podem ser pessoas mais “esclarecidas”, com visão de longo alcance, sendo mais hábeis nos relacionamentos,  mais observadoras que os demais, segundo Letícia Carvalho, psicóloga, diretora da empresa.
Para as demais empresas: Vale, Souza Cruz, AmBev, Usina São Martinho, Votorantim não há oportunidades de trabalho para Licenciados em Filosofia, a menos que o candidato tenha outro curso “além” deste. “Visamos profissionais com formações mais específicas, técnicas como Engenharia, Administração de Empresas, etc. que tenham conhecimentos específicos nas áreas. Por exemplo, a Vale contrata em sua maioria Agrônomos, Zootecnistas, já que seu segmento é fertilizantes e insumos. 
Alguns disseram “ Filósofo? Não, não temos vagas, queremos gente mais prática.”
Outros, falaram repetida e mecanicamente da necessidade de se encontrar profissionais competentes em suas áreas específicas, nem citando o nome Filosofia.
Notei um certo descaso com o curso de Filosofia.
Enfim, para a maiorida dos expositores, a Filosofia está num âmbito mais contemplativo do que prático.
Foi muito válido ter conhecido a Feira para entender o que as empresas pensam sobre  assuntos como: Filosofia, superação de limites, crescimento, consciência, justiça, irracionalidade, racionalidade, temas que parecem estar adormecidos nesse ambiente coorporativo.


Que tal repetir a logomarca do FORU? De repente, aumentam as vagas.



(O pessoal já instalado nas empresas juniores deve ter tido mais espaço no evento FORU. Mas, meus caros "wannabes", vejam os custos para quem já está embarcado. É bem mais que um quilinho de fubá, pois não estamos aí para desembolsar. Antes, pelo contrário. Vejam notícia do sítio da UFU, sobre o que foi o evento no evento. Vamos aprendendo a saber como, ou seja, know how. )

UFU promove Encontro de Empresas Juniores
20/09/2011 - 08:24
 
Programação prevê palestras, integrações e oficinas
Acontece entre os dias 22 e 24 de setembro, o Encontro Uberlandense de Empresas Juniores (EUEJ) 2011, organizado pela Meta Consultoria, Empresa Junior dos cursos de graduação em Engenharia Mecânica, Mecatrônica e Aeronáutica (FEMEC), em parceria com a Consultoria e Assistência Veterinária (Conavet), ambas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A ideia do encontro é possibilitar a troca de informações e experiências entre essas organizações existentes em Uberlândia e outras cidades. É uma oportunidade de interação entre empresários juniores de todo o país.
A programação do evento é ampla e conta com palestras, integrações, apresentação de cases e oficinas. Os dois primeiros dias acontecem no Center Convention, localizado no Center Shopping, avenida João Naves de Ávila, 1331, piso C. O último dia será na UFU, a partir das 8h, no anfiteatro do bloco 3Q, no campus Santa Mônica.
Podem participar Empresas Juniores e universitários. A taxa para se inscrever varia de R$35 a R$270, de acordo com o pacote selecionado. Mais informações podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: www.euej.com.br.
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(Podem ver que a taxa daria de dois a vinte quilos de uma picanha perecível, se não for assada logo no sal grosso ou guardada no freezer. Mas sem ressentimentos, pessoal. Nada de complexo de inferioridade. Como disse o filósofo baiano: "Oh! Baby, a gente ainda nem começou..." Aliás, também porque alguém do PIPPE já botou o pé no freio, com nossa conhecida precaução da velha e boa crítica ideológica. Leiam a seguir, mas pensem no que dizem os operários cansados no fim de tarde ao motorista do coletivo: Tira o pé da nossa janta.)

coluna de opinião

EM BUSCA DE UMA
IDEOLOGIA PARA NOSSA EMPRESA (júnior)
(Djalma Pellegrini)


Quando Henry Ford estabeleceu a jornada de trabalho de oito horas e pagava cinco dólares a seus trabalhadores na linha de montagem automática de veículos, em Dearbon, Michigan, em 1914, tinha em vista que um novo tipo de sociedade poderia ser construída simplesmente com a aplicação adequada do poder corporativo, por intermédio de uma eficiente política de controle e gerência do trabalho.
A leitura de Cadernos do Cárcere realizada por David Harvey, fê-lo crer que os métodos de trabalho são inseparáveis de um modo específico de viver e de pensar e sentir a vida. Questões de sexualidade, de família, de formas de coerção moral, de consumismo e de ação do Estado estavam vinculadas, ao ver de Gramsci, ao esforço de forjar um tipo particular de trabalhador adequado ao novo tipo de trabalho e de processo produtivo (harvey, 1996, p. 121-122).
O novo tipo de engrenagem posta a funcionar por Ford significava não apenas a regulação entre produção de massa e consumo de massa, mas também um novo tipo de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética, uma nova psicologia, e, em resumo, um novo tipo de sociedade (racionalizada, modernista e populista). Nascia assim o fordismo!
Para os trabalhadores da fábrica de Ford, a fixação da jornada de trabalho de oito horas (em troca de cinco dólares), não apenas obrigava os trabalhadores a adquirirem a disciplina necessária para a operação da linha de montagem de alta produtividade, mas objetivava também dar-lhes renda suficiente para adquirirem os produtos produzidos em massa, e tempo para cultivar legumes nas horas vagas nos próprios jardins. Além disso, requeria-se “do novo homem” da produção e consumo de massa um certo tipo de probidade moral, um padrão de vida familiar e de capacidade de consumo prudente (isto é, não alcoólico) (harvey, 1996).
            É inegável, contudo, que o fordismo não deve ser atribuído apenas à iniciativa de Henry Ford. Afinal, considera-se que The Principles of Scientific Management, escrito por F. W. Taylor, assim como Administration Industrielle et Générale, de Henri Fayol correspondem a referências seminais, tanto para a moderna teoria da administração da firma, como para a conformação da ideologia correspondente.
            Ora, se os fortes ventos da reestruturação produtiva laceraram o capitalismo ocidental a partir da década de 1970, e fizeram cindir o fordismo, não foram, apesar disso, eficazes na corrosão da (talvez) mais importante ideologia do capitalismo. Nós hoje, os “empregados”, não somos mais denominados por este termo, ou sequer por “funcionários”. Em lugar disso, denominam-nos “colaboradores”. Pouco mudou, é verdade. Provavelmente por isso continuamos a acreditar que, talvez mais do que nunca, as empresas conformam ideologias. Estabelecer uma empresa significa estabelecer uma ideologia. Mesmo o mais modesto microempresário, ao estabelecer seu negócio, se ainda não tem em vista uma ideologia para sua firma, certamente ela surgirá (mesmo que ele não deseje).
            Ao termo desse palavrório, o que temos em vista é que, todos nós que estamos por perto, teremos a oportunidade de ver surgir a ideologia de nossa nascente empresa (júnior) da Filosofia. Criaremos nossa própria política de controle e gerência do trabalho. Estabeleceremos nosso particular corpo de regras e diretrizes. Teremos, enfim, um modo de regulamentação. Portanto, antes que essa ideologia surja à nossa revelia, convidamos a todos, colegas e professores, para juntos planejarmos a ideologia que queremos para nossa empresa (júnior).


Referências

FAYOL, H. Administration industrielle et générale: prevoyance, organization, commandement, coordination et controle. Paris: Dunod, 1950.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 9. ed. São Paulo: 2000.

TAYLOR, F. W. The principles of scientific management. New York: Norton Library, 1967.

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(O editor deste blog continua falando em off, entre parênteses, e jura pelo que há d+ sagrado que acabara de fazer a foto da pick up cheia de moedas, quando abriu o email de um aluno do PIPE e leu esse texto-testamento, que cita John Ford. A miniatura é um bibelô querido por ser o tipo de camionete que os latifundiários tinham e nem sempre davam carona pra gente, no poeirão da estrada, etc. E esse modelo, o clássico flip nose, tem a data do editor, 1956. Emendando a prosa: olha só, caros empreendedores da filosofia! É isso que estraga nossa imagem. Citar Raul e falar de misteriosas coincidências? Não é do naipe dos MBAs com seu topete  yuppie. De repente, é isso: podemos inventar uma empresa de filosofia que agrege [ops!] não só uma ideologia, mas a crítica da idelogia e também um certo espaço para o intuitivo, o transcendental, sei lá. Entende? )
Em tempo: as palavras com fonte aumentada e colorida não chegam a ser uma propaganda da marca Ford, no máximo um caso de fetiche da mercadoria, na linha da freudiana saída pela tangente, quando Seu Segismundo disse que um charuto era só um charuto.

A classical Ford 56 picking up a great ammount of sounding money
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Dizem que John Ford, o primeiro, esperava que cada operário pudesse comprar um fordinho bigode. E que as peças vinham em caixas de tábuas, na medida para servirem de assoalho para os corajosos carrinhos tocados a manivela. E daí? Alguém acha que os filósofos deveriam contentar-se com a produçao de caixotes ou palets para o transporte? Nada disso. Podemos pensar grande e devemos dar o troco nesse esperto americano. Como ousou ele escrever o livro
Minha philoshophia da indústria?
Ora, se ele que fabricava carros escreveu filosofia, então lá vem o silogismo na contramão: vamos fazer carro? Não. E nem mesmo comprar um Ford Fusion usado, daqui a cinco anos. Não. E o que vamos fazer, então? Não sei. Continuamos a pensar e a propor e a criticar, pois o PIPE nem chegou ainda ao meio do semestre e não vai acabar quando o semestre se encerrar.
E já que temos mania por livros e teorias e críticas, podem também pesquisar por aí sobre uma onda chamada, justamente, de "neofordismo". E talvez não seja bem o que parece.
Engana-se quem acha que filósofo está mais por fora que a quarta orelha da gamela. O PIPE foi ao FORU, marcou presença, sem timidez e agora mostra que a conversa vai longe e já estamos on the road. E pensamos que a coisa deve ser lida como "for you". E a prosa segue, pois quem é esse impessoal "você"?


(A mesma logo com as cabecinhas de pino de boliche - uno adelantado)


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