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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NATAL COM NEVE ANO QUE VEM

 MOBILIDADE ESTUDANTIL É ISSO: NÃO FIQUE PARADO

Nossa aluna Marilda Fayad no inverno francês

A reportagem do PIPE SHOW não ficou parada e conseguiu essa bela contribuição de Marilda Fayad. Ela fez sua gradução em Filosofia, na UFU, e hoje está feliz e realizada em França - depois de ralar muito. Saibam mais sobre "le chemin de les pierres" rumo a cidades e lugares com muitos livros, história, vinhos e queijos.  Allons, enfants! 
"Sempre morei na cidade de Besançon, desde que cheguei na França. A cidade é a capital da região Franche-Comté, mas não é grande. Tem mais ou menos 200.000 habitantes, se contarmos toda a região. Aliás, as maiores cidades da França são Paris, Marseille, Lyon. As  demais cidades, se as compararmos com as do Brasil, são pequenas. E muito bom viver aqui desde que nos adaptemos ao clima, às pessoas, às diferenças culturais e às exigências do francês. Aqui, temos muitas atividades culturais, que vão desde as simples conferências e colóquios até à possibilidade de se aprender teatro e canto. Muitos bons filmes europeus, shows e peças de teatro são oferecidos durante todo o ano.   
Fui a primeira aluna do curso de filosofia da UFU a vir nesta nova etapa dos acordos internacionais. Antes, eles eram mais ou menos restritos às ciências exatas. Não vim com bolsa. Para que possamos ser aceitos aqui, o governo francês exige que provemos autonomia financeira ou que alguém  se responsabilize em nos enviar em torno de 500 euros por mês. Mas, antes de mais nada, o aluno tem que se inscrever no site Campus – France-Brésil antes de pretender o seu visto.   
 Achei que o curso de filosofia é superficial e compete mais ao aluno  estudar e ler do que esperar o aprofundamento das disciplinas em sala de aula. As aulas se passam de maneira normal, ou seja, expositiva, mas temos acesso a todos os meios modernos(computadores, videos, videos conferências, colóquios, seminários). A minha decisão de vir teve a ver com a minha vontade de conhecer e mudar o meu perfil de ser humano (passei de ex-bancária a estudante de filosofia).O ano escolar aqui começa em setembro e eu cheguei em janeiro, por isto cheguei no segundo semestre do ano escolar. Em seguida, enfrentei seis meses de greve. Assim, para conseguir acompanhar o grupo numa língua diferente, tive que bem aproveitar o conhecimento que já tinha da lingua francesa. Fui ficando, terminei o curso completo, fiz o Mestrado e agora estou fazendo o doutourado em Paris 8. Passei muitos dias fechada lendo os livros exigidos.  Claro que é complicado acompanhar as aulas, pois o francês do cotidiano é muito mais ágil e todos entendem que quem chega é capaz de seguir as aulas. Sem conhecer a lingua, é impossivel seguir as aulas. 
Hoje, eu sei que é possivel conseguir bolsas de estudo (Erasmus), mas não sei dizer qual o caminho das pedras para tal. Também, a pessoa responsavel pelas relações internacionais deve saber qual é o procedimento para tal. Sei de alunos que tiveram mesmo a chance de se alimentar gratuitamente nos Restaurantes Universitarios ( existem 4 aqui com muitos menus, sobremesas, frutas, yougurtes e tal). Um almoço completo hoje custa E 3.00( prato principal, salada, frutas, pão, yogurtes – direito a três itens e o pão, fora o principal).Viver com 500 euros é possivel, mas não é facil, sobretudo se a pessoa for muito exigente. Chegando aqui, o status de estudante dá direito a algumas ajudas do governo francês.( Ajuda para morar na cidade universitária, por exemplo).  Tudo está ficando cada vez mais dificil, assim o curso de filosofia daqui sofreu uma mudança muito ruim que, no momento, o empobreceu. Àqueles que desejam vir, se forem da filosofia, aconselho procurar universidades maiores.
Adaptar-se não é facil e precisamos abrir mão de preconceitos se queremos ser aceitos e amados. Os francês são reservados, mas depois podem aceitar-nos, desde que provemos ser dignos da confiança deles. Para se adaptar melhor é necessario conhecer um pouco da história da França, saber o que eles passaram para chegar até aqui. Como se diz por aí : « para saber a temperatura da água é melhor mergulhar do que colocar apenas o dedão do pé. ». 
Hoje, estou numa outra situação. Trabalho como professora de português, mas para chegar aqui tive que esperar dois anos, adquirir os diplomas necessários, apresentar curriculum e tudo o mais. É a concorrência. Trabalho estudantil em Besançon, não penso ser fácil, mas em outras cidades creio ser um pouco mais fácil. Hoje, não tenho mais problemas. Andei muito, aprendi muito e estou colhendo os frutos. Vou continuar. Mas, para incentivar vocês a esta aventura vou aconselhá-los dizendo que os estudantes até 28 anos possuem muito mais privilégios : tudo é mais barato para eles -viagens, transportes – e diversão."
PS. Bento, escrevo num teclado proprio para a lingua francesa cujos acentos não são proprios para a lingua portuguesa. Assim, você ira verificar que faltam muitos acentos agudos. Por favor, faça a correçao para mim. Um grande abraço.

[Caros leitores, deixei o texto como veio até para curtir essa mudança: já dá pra ver que Marilda reproduz algumas estruturas da língua francesa. E isso é natural e é bom sinal. Marilda, merci] 
[Caros leitores 2: Marilda não gostou muito do texto sem acento et me deu uma bronca daquelas. Nem me adiantou de dizer que era uma boa demonstração de sua etapa de imersão na língua estrangeira, etc. Ela quase deu uma de Felippe - "Je m'enerve!" - mas, depois, de boa, contou que sonho em francês e que outra dia se esqueceu da palavra "alcachofra" - ora, aqui nós não deparamos com a coisa-alcachofra... Visões de mundo, meus leitores.  Eu corrigi o que pude, sem alterar o relato dela, mas também me irritei com o cursor desobediente quando se trata de editar postagens antigas. C'est tout. Mais uma vez: Merci, Marilda Fayad... Au revoir]

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